Enfim, resta perguntar em que medida esse agente coletivo que se organiza para superar o sistema capitalista pode ser identificado com o FSM. É certo que muitas das pessoas reunidas em Belém do Pará representam movimentos sociais nascidos das bases mas que não se limitam a lutar por seus interesses específicos, porque os incluem no grande bojo das lutas pela vida do Planeta. Mas é certo, também, que muitos outros grupos e movimentos não estiveram no FSM, pelos mais diversos motivos. O FSM é talvez o principal espaço mundial de articulação desse sujeito histórico coletivo, mas não é o único.. É um estimulante espaço de diálogo e participação democrática, merecendo por isso todo respeito, mas é evidente que o processo histórico de superação do sistema capitalista requer muitas outras contribuições e provavelmente ainda ocupará uma boa parte do século 21.
sábado, 28 de fevereiro de 2009
A crise do capitalismo e a sua superação
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
TECNOLOGIA : Uma questão de liberdade

influenciam na forma de como nos relacionamos com o mundo, realizamos nossos trabalhos e fazemos circular a informação. Eles estão presentes em praticamente tudo que possui um dispositivo eletrônico, e estão diretamente ligados às nossas liberdades básicas, como a liberdade de pensamento, a liberdade de escolha e a liberdade de expressão.
A definição de Software Livre, segundo a Free Software Fundation, nos mostra claramente o que é verdadeiro à respeito disso. Quando falamos de software livre falamos de liberdade, não de preço. Software livre se refere à liberdade dos usuários executarem determinados programas, para qualquer que seja a finalidade (liberdade nº 0); a liberdade de estudar como eles funcionam e adaptá-los às suas necessidades (liberdade nº 1); a liberdade de copiar e redistribuir cópias (liberdade nº 2); e por fim, a liberdade de modificar e aperfeiçoar o programa, e liberar os seus aperfeiçoamentos de modo que toda a comunidade possa se beneficiar (liberdade nº 3). O acesso ao código fonte é um fator indispensável para que essas liberdades se dêem de forma plena.
O que queremos dizer com liberdade do software? A liberdade pode ser mantida por sistemas transparentes que são baseados em padrões abertos, seguros, incluindo formatos de dados e protocolos de comunicação. A liberdade do software significa um futuro para a tecnologia no qual podemos confiar, um futuro sustentável que não cause impactos negativos sobre as liberdades básicas. Formatos de dados proprietários podem significar um bloqueio ao acesso à informação. Códigos fonte fechados, representam uma limitação ao conhecimento. Softwares proprietários custam milhões à governos, empresas e universidades, dinheiro este que pode ser investido em educação, infra-estrutura e treinamento. Por isso que, em todo o mundo, existe hoje um grande movimento migratório para sistemas livres, pois é uma questão estratégica garantir a não dependência tecnológica. O Governo brasileiro e de diversos estados da federação, inclusive o governo do Paraná, já há tempos vem utilizando softwares livres na administração e empresas públicas, pois além de mais inteligentes e seguros, economizam milhões em licenças.
Softwares livres, são muito mais eficientes, estáveis e seguros (por exemplo: não pegam vírus). Possuem uma infinidade de aplicativos que realizam as mais variadas funções, sendo a maioria deles gratuitos que podem ser livremente baixados e utilizados. Também contam com suporte técnico de uma gigantesca comunidade de desenvolvedores, colaboradores e grupos de usuários, que disponibilizam todo tipo de tutoriais e alimentam centenas de fóruns de suporte que esclarecem qualquer dúvida de usabilidade. A compatibilidade com documentos de outros sistemas é total. Já foi o tempo em que, utilizar Linux, era algo restrito para poucos nerds (usuários mais avançados). Hoje em dia, o sistema está muito evoluído e muito fácil de usar.
A internet e a WEB 2.0
A internet ampliou de forma inédita a comunicação humana, permitindo um avanço planetário na maneira de produzir, distribuir e consumir conhecimento, seja ele escrito, imagético ou sonoro. Construída colaborativamente, a rede é uma das maiores expressões da diversidade cultural e da criatividade social da nossa época. Descentralizada, a Internet baseia-se na interatividade e na possibilidade de todos tornarem-se produtores e não apenas consumidores de informação, como impera ainda na era das mídias de massa. Na Internet, a liberdade de criação de conteúdos alimenta, e é alimentada pela liberdade de criação, de novos formatos midiáticos, programas, tecnologias e redes sociais. A liberdade é a base da criação do conhecimento.
A Internet requalificou as práticas colaborativas, reunificou as artes e as ciências, superando uma divisão erguida no mundo mecânico da era industrial. Ela é o palco de uma nova cultura humanista que coloca, pela primeira vez, a humanidade perante ela mesma ao oferecer oportunidades reais de comunicação entre os povos. E não falamos do futuro. Estamos falando do presente. Uma realidade com desigualdades regionais, mas planetária em seu crescimento.
O termo WEB 2.0 é uma metáfora que nos diz exatamente isso, nos fala de uma internet onde todos são criadores e produtores de conhecimento, atores de um mundo em transformação. Os websites de hoje em dia possuem ferramentas que permitem todo tipo de interatividade. O proprietário de uma página na web hoje não depende mais de um especialista para atualizar o conteúdo de seu próprio site. Um exemplo disto são os sites produzidos pela Ybytu-catu, que utiliza softwares livres, permitindo aplicar preços menores e oferecer aos seus clientes ferramentas com tecnologia de ponta, funcionabilidade e segurança.
Fonte: http://ybytucatu.com.br/
Links interessantes:
Ubuntu Linux: www.ubuntu.com
Kurumin Linux: www.kurumin-ng.com.br
Free Software Fundation: www.fsf.org
Creative Commons: www.creativecommons.org.br
Open Office (ferramentas de escritório): www.broffice.org
Gimp (editor de imagens)) www.gimp.org
Inkscape (gráficos e vetores): http://wiki.softwarelivre.org/bin/view/InkscapeBrasil
Fundação Mozilla (navegador e email): http://www.mozilla.org
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
Pro-Colabore
Colaboração não tem um significado estanque, pois acontece na ação. Pressupõe generosidade, que é limitada, parcial. Inconstante que é, supera diversidades, une e aproxima os diferentes. É fraterna, levando as ações a acontecerem não obrigatoriamente quando há necessidade. É uma lógica que não se mantém no cotidiano. Apresenta uma dinâmica caótica da relação do ser em comunidade.
Do ponto de vista de uma sociedade em rede, a produção cultural está sendo catalisada pela colaboração. Pessoas têm muito mais possibilidades de experimentação e realização de projetos. O próprio conceito do software livre corrobora com a idéia da colaboração. Foi no início dos anos 90, que Linus Torvalds, influenciado pelas idéias de Stallman, disponibilizou os códigos na rede. Essa história tornou-se conhecida. O Linux explodiu na rede da moçada e extrapolou limites geográficos. Milhares de programadores colaboram frequentemente com o software. Outros muitos milhares cooperam com outras comunidades.
Colaboração aponta para uma teoria social que contenha o princípio da continuidade
Da mesma forma que buscamos um modelo de desenvolvimento de software, alavancamos os aspectos de colaboração, de liberdade, de apropriação e replicação para a área do conhecimento. Surge, assim, uma comunidade de pessoas em rede que comungam por uma ética e uma cultura próprias, baseadas no compartilhamento do conhecimento e na ausência de hierarquias - verticalização dos processos. Essa comunidade clama por liberdade, por meio das iniciativas de produção de conhecimento em rede. Aliás, a sacada do Linus foi usar a internet para compartilhar o desenvolvimento de uma idéia. Não é à toa que o Linux aconteceu na mesma época da Internet. Emerge um modelo de produção colaborativa em rede.
A rede é catalisada pela internet. É assíncrona; o tempo não pára. O tempo flui numa complexidade caótica. O caos assusta também. Porque nos faz pensar, deixando-nos fragilizados frente à falta de controle que temos ou não das 'coisas'. Esse tempo assíncrono é uma ruptura. Assim como o ser que se redescobre esquizofrênico; assim como o espaço informacional que desconhece barreiras de ir e vir; assim como o conhecimento que se dobra, e liberta-se. O crescimento dessa rede é rizomático, distribuído e veloz. Não é organizado. Mas quem disse que seria organizado? O conhecimento é recombinante. Um dispositivo que se dá no remix. Tudo se transforma, nada se cria. A recombinação se dá na colaboração. Isso é a cultura hacker, né? Como usar o dispositivo para outras áreas do conhecimento?
Um dispositivo que dá visibilidade da articulação em rede para a transformação social. De certa forma, com a cultura hacker a produção tende ao infinitesimal (in)finito. O inteiro que contempla toda a multiplicidade. Colaboração aponta para uma teoria social que contenha o princípio da continuidade. A continuidade da ação comum. Um processo recursivo onde duas ou mais pessoas ou organização trabalhem juntas para uma interação de objetivos comuns.
Fonte: Hernani Dimantas assina, no Caderno Brasil, a coluna Sociedade em Rede.terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
Propostas da Economia Solidária no FSM 2009

Frente à crise econômica internacional afirmamos que a economia social e solidária é uma das estrátegias que vem permitindo o crescimento econômico sustentável, parte da construção de um novo modelo de desenvolvimento que é centrado no bem estar das pessoas nos 5 continentes.
Nós, trabalhadoras, trabalhadores e militantes do movimento de Economia Solidária, fazemos as seguintes propostas:
1 - No contexto de crise mundial, mais que nunca as práticas econômicas alternativas respondem através de suas experiências com novos instrumentos de finanças sociais e solidárias. É portanto fundamental reconhecer e apoiar a criação de laços cada vez mais fortes entre a economia, sustentabilidade e as finanças solidárias.
2 - É necessário resgatar o papel da FAO dentro do sistema ONU de garantir o direito a alimentação através de recomendação de incremento da produção de alimentos oriundos da agricultura familiar e da economia solidária também como forma de promoção de outro modelo de desenvolvimento, com trabalho e justiça frente ao aumento do desemprego no mundo.
3 - Temos que dar maior importância política e coerência prática na construção material do Fórum Social Mundial, garantindo cada vez maior participação de empreendimentos solidários, de agricultura familiar local, de materiais de baixo impacto ambiental, entre outros, na infra-estrutura das edições futuras do FSM.
4 - Recomendamos a criação de uma articulação de organizações que atuam com tecnologias da informação / mídias livres para elaborar uma solução tecnológica via web que permita intercâmbios econômicos solidários locais e internacionais com base em sistemas já existentes.
5 - Na construção das futuras edições do FSM, reconhecendo o aporte da Economia Social e Solidária no seio desta globalização da solidariedade, recomendamos que o território da Economia Social e Solidária fique próximo geograficamente às grandes temáticas, na construção dos territórios através das afinidades.
6 - Defendemos o apoio e mobilização pelo projeto de Lei da Merenda Escolar Brasileiro, que garante que pelo menos 30% da merenda seja comprada de empreendimentos locais da agricultura familiar e de Economia Solidária, o que implica numa ação estratégica na defesa da segurança alimentar e nutricional, e de outro modelo de desenvolvimento: local, solidário, sustentável e culturalmente diverso.
7 – Propomos o lançamento de uma campanha mundial por compras públicas e pelo consumo ético e responsável de produtos e serviços da Economia Solidária e Agricultura Familiar, além de denunciar os danos e impactos que advém do consumo de produtos das empresas capitalistas e corporações multinacionais.
8 – Nos somamos aos demais movimentos sociais de todo o mundo em suas lutas pela dignidade humana, o bem-viver, a emancipação dos povos e a transformação do atual modelo de desenvolvimento.
* Carta lida por Jaqueline Goiano Vanzelers, representante dos empreendimentos da região norte na Coordenação Executiva do FBES, na Assembléia Final do Fórum Social Mundial 2009. Belém, Pará, Amazônia, Brasil.
Fonte: http://www.fbes.org.br/
ECOFONT

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Clube de Trocas de São Paulo
Dia 08.02.2009 - Clube de Trocas do Jd. Ângela e Capão Redondo
Das 10h às 17h na Rua Dr. Lund, 361, ponto de referência de baixo do Viaduto Gricério – Centro São Paulo. Teremos nesta feira de trocas 7 Empreendimentos solidários, oferecendo valor estimado a R$ 1.000,00 em produtos a base de trocas, entre os produtos, doces, salgados, bijuterias, bolsas, cachecóis, mudas e plantas, outros participantes desta feira, também estarão oferecendo outros produtos.
Das 11h às 14h na Rua Pe Jose Maria, 555 – Santo Amaro – São Paulo – SP. Referência: do lado do Terminal Santo Amaro.
Dia 01.03.2009 – Clube de Trocas no GOTI
Das 14h às 17h na rua Delfin do Prata, 15 A – Santa Terezinha, Pedreira, Santo Amaro - SP.
Importante: Estamos necessitando de livros infantis para a creche que funciona neste espaço, o pagamento dos livros será em moeda social, quem puder ajudar, agradecemos toda ajuda.
Dia 14.03. 2009 – Feira de Trocas Solidárias – AME JABAQUARA
Das 11h às 14h na Escola Estadual de Ensino Fundamental Professora Edméia Attab. Rua Olivério Gitondo, 127 – Vila Clara (Próximo ao Posto de Saúde da Vila Clara).
sábado, 7 de fevereiro de 2009
Economia, Teorias Econômicas e Sociedade

Cabe considerar, a este respeito, o papel das teorias econômicas, ou melhor, sócio-econômicas. Pois o conceito de economia, por si só, não pode cumprir o papel de toda uma teoria sócio-econômica. Por exemplo, a teoria de Adam Smith, sobre o liberalismo econômico, não foi simplesmente uma teoria sócio-econômica utilizada para motivar o capitalismo. Adam Smith, ao mesmo tempo em que teorizou que os interesses individuais egoístas seriam a base apropriada para o bem-estar comum, apontou também as restrições dessa teoria no alcance desse bem-estar geral da sociedade. Em particular, ele apontou que a formação de monopólios ameaçaria o funcionamento de sua economia de livre mercado.
Entretanto, tais restrições efetivamente materializaram-se. O curioso é que não é tão difícil assim de perceber-se as limitações de tal pressuposto egoísta. Mesmo pensando em uma simples família, não é difícil de se entender que, se o pai e a mãe dessa família agirem de forma egoísta, ou seja, visando apenas seus próprios interesses, as suas crianças enfrentarão sérios problemas, para dizer o mínimo. E se aquele pressuposto não dá certo nem mesmo num pequeno grupo social, como poderia dar certo em um grande grupo social, como um povo ou uma nação?
Mas continuemos com nossas elaborações, supondo que o senso comum não sirva ou não seja suficiente para rejeitarmos uma teoria como essa.
Podemos comparar essa teoria do capitalismo com outra teoria sócio-econômica, cujo acrônimo é PROUT, apresentada pelo indiano P. R. Sarkar em torno de fins da década de 1950 e início da década de 1960. PROUT é na verdade mais do que uma teoria sócio-econômica, pois trata também de outros aspectos da vida coletiva, como as potencialidades e recursos psíquicos e espirituais dos seres humanos e do ambiente como um todo, além de incluir também em seu escopo uma teoria sobre o funcionamento ou dinâmica das sociedades ou grupos humanos, chamada “teoria dos ciclos sociais”.
De acordo com PROUT, os interesses individuais egoístas jamais poderão servir como base para alcançar-se o bem-estar geral da sociedade. (Digamos, de passagem, que para atingir-se esse objetivo, PROUT destaca que é fundamental um entendimento apropriado da natureza humana, ou seja, uma definição apropriada do que é o ser humano; também um entendimento e definição apropriada do que é a sociedade humana; e conseqüentemente, de acordo com esses entendimentos, uma noção apropriada do que constitui o verdadeiro progresso individual e coletivo. PROUT efetivamente fornece definições ou elaborações apropriadas para esses conceitos-chave.)
Isto implica, segundo PROUT, que os pressupostos da teoria do liberalismo econômico de Adam Smith não permitiriam que o bem-estar comum visado pela mesma fosse alcançado.
O que isto significa ? Será que a opção entre o capitalismo e PROUT não pode ser feita com uma fundamentação clara, racional ?
Não, não. Um ponto que podemos destacar é que a teoria do liberalismo econômico não nos fornece nenhuma explicação clara sobre a dinâmica da sociedade humana, ao contrário de PROUT. Outro ponto, é que essa teoria dos ciclos sociais de PROUT justamente coloca o capitalismo numa perspectiva mais ampla, de evolução das sociedades humanas, explicando ainda no que está fundamentado este sistema sócio-econômico capitalista e quais os seus limites.
Assim, segundo PROUT, o capitalismo é uma forma de sistema sócio-econômico cujo núcleo são pessoas altamente especializadas numa das quatro mentalidades humanas básicas -- a saber, a mentalidade aquisidora, ou vaeshya, em sânscrito. Essas pessoas, quando chegam ao ponto de dominarem a sociedade, fazem com que a psicologia coletiva ou social molde-se conforme a mentalidade dominante dessas pessoas. Não é difícil entendermos isto, porque os traços da mentalidade aquisidora permeiam a psicologia coletiva de nossa sociedade, ou seja, são notáveis por todo o lado. Por exemplo, não são notáveis o individualismo, a competição, a ênfase no sucesso individual ? O que não é tão visível ou fácil de identificar são as pessoas que exercem esse domínio sobre a sociedade - e isto é justamente uma característica decorrente do sistema sócio-econômico estabelecido pelas mesmas. Por exemplo, podemos saber quem são os líderes políticos em um país, mas entendendo que esses líderes não têm realmente controle sobre o destino desse país, quem são os líderes efetivos do mesmo? Um presidente eleito, digamos, tem de trabalhar dentro de toda uma estrutura governamental, não pode trabalhar sozinho. Então os lobbies, as compras de votos e trocas de favores são formas comuns de se influenciar as decisões políticas, pois essas decisões estão ligadas ao funcionamento da economia nacional, e portanto os interesses escusos com relação a essas decisões encontram caminhos não-oficiais para buscarem o favorecimento próprio; e quando os interesses próprios falam muito alto, é normal que haja grande corrupção dentro desses sistemas de governo. Não raro os candidatos políticos que acabam eleitos são ajudados a entrarem no governo apoiados por esses interesses escusos. Enfim, esses mecanismos não são normalmente divulgados ou claramente visíveis, mas com algum esforço de entendimento é possível ver as suas diversas partes operando e, assim, juntando as partes do quebra-cabeça, pode-se entender como funciona a máquina. E quem controla essa máquina governamental, como também de tantas outras áreas da vida social, como comunicações, educação, pesquisa, etc.? Atualmente são os chamados grandes capitalistas, que através do dinheiro ou riqueza que acumularam, conseguem manipular pessoas nos diversos campos sócio-econômicos, com o fim muito bem descrito pelo termo “lucropatia”, ou, como disse, o criador de PROUT, “a doença mental do egoísmo extremo”, voltada para o controle dos recursos materiais, com ênfase na aquisição dos mesmos.
Karl Marx com certeza olhou com atenção e entendeu o funcionamento dessa economia capitalista. E então, criou conceitos tais como a chamada “mais-valia”, adequados para descrever o funcionamento dessa máquina. Entretanto, sem levar em conta a mentalidade humana operante por trás de tal sistema, e que o faz funcionar, e apenas olhando detalhes do mecanismo, como por exemplo o controle dos meios de produção, o quadro do sistema sócio-econômico fica incompleto, e em certa medida ininteligível. É natural, então, que ele tenha sugerido que o controle dos meios de produção devesse passar dos capitalistas egoístas e exploradores para as mãos de outras pessoas, criando-se um sistema de uso coletivo daqueles meios -- ou seja, o socialismo marxista, baseado na socialização dos meios de produção. Entretanto, o controle dos meios de produção não é uma causa da exploração, mas apenas um meio para ela. A causa, neste contexto, realmente é uma mentalidade humana que utiliza-se desse controle, e também da exploração humana (e da exploração em geral), para alcançar o seu objetivo, a saber: o prazer decorrente do acúmulo de bens materiais, baseado no controle da matéria com enfoque de usar essas riquezas materiais para controlar outras pessoas, a sociedade, etc. Como esse objetivo é atingido indiretamente pelo controle da matéria e pelo acúmulo de riquezas materiais, a mente humana que persegue esse objetivo inevitavelmente cultiva um certo tipo de materialismo. Entretanto, P. R. Sarkar indicou que na verdade o capitalismo está baseado fundamentalmente no que ele chamou de “princípio do prazer egoísta”.

Realmente, em acordo com isto, PROUT prescreve que o âmbito da iniciativa privada deva ser reduzido a um setor bastante limitado da economia, que é o dos pequenos negócios operando com bens materiais definidos como “não-essenciais”. Além disso, PROUT estabelece, em um de seus princípios fundamentais, a necessidade de uma limitação à acumulação individual, ou seja, o estabelecimento de um teto máximo para a mesma. No caso em que o recebimento de salários fosse o meio para tal acumulação, isto implicaria no estabelecimento de um “salário máximo”.
Para a implementação do sistema sócio-econômico previsto por PROUT, é fundamental a atuação coletiva de pessoas determinadamente voltadas para o bem-estar comum, e não baseadas em interesses egoístas ou mesquinhos, sejam pessoais ou grupais. Pelo contrário, essas pessoas, que serão fundamentais na implementação e manutenção, ou operação, de uma sociedade humana organizada segundo os moldes gerais de PROUT, deverão desenvolver bastante bem, em si mesmas, o espírito de serviço desinteressado, ou melhor, altruísta, para outras pessoas e outros seres, e também o espírito de sacrifício, ou seja, a capacidade de abrir mãos dos próprios confortos e comodidades, em prol de pessoas menos favorecidas.