quarta-feira, 11 de março de 2009

Comunidades do Piauí ganham bancos comunitários

Com 6.800 habitantes, o município de Cajueiro da Praia é apenas um satélite de Parnaíba, pólo econômico localizado na região norte do Piauí, que tem 150 mil habitantes. Em busca de maior autonomia econômica e procurando fortalecer o desenvolvimento da comunidade local, criou-se, no último dia 11 de junho, o Banco Caju da Praia, na cidade litorânea de Cajueiro da Praia, situada na divisa do Piauí com o Ceará.

A economia local é baseada na pesca e na agricultura. O Banco Caju da Praia objetiva adiar a fuga do dinheiro da comunidade para os centros econômicos mais evoluídos, como Parnaíba. Neste outro município, também foi inaugurado, na semana passada, o Banco Semear, dentro da mesma perspectiva. "Nós queremos conscientizar a população para que ela adie a saída do real para outros centros e, assim, produza mais riqueza dentro do município", ressalta Victor Hugo Saraiva, da Care Brasil.

Assessorado pelo Banco Palmas, do Ceará, o Caju da Praia é o terceiro banco comunitário do Piauí e faz parte de uma rede que conta com a participação de 26 instituições baseadas nos princípios da Economia Solidária. A moeda social, o cajueiro, começou a circular nesta segunda-feira (16).

De acordo com Victor Hugo, cerca de 800 cajueiros já circulam na comunidade. "Isso foi um diferencial do banco, pois as outras instituições não conseguiram esse número em apenas três dias. Sem contar que o efeito multiplicador da moeda também é significativo, porque ela não fica parada, ela passa do comerciante para o consumidor e vice-versa", afirma.

A metodologia do Banco Caju da Praia é similar à do Banco Palmas. Além de financiar o consumo, o banco deve oferecer suporte aos comerciantes locais. O banco só vai poder operar com força total daqui a seis meses, por meio de um financiamento do Banco Popular do Brasil. No entanto, algumas linhas de microcrédito já estão sendo liberadas para grupos específicos. Uma horta comunitária baseada nos princípios agroecológicos, uma cooperativa de frutos do mar, oficinas de artesanatos e cooperativas de costureiras são os projetos em andamento.

Há dois anos, começaram os debates e os seminários com a participação dos moradores da região. Foi realizado um diagnóstico do consumo e da produção locais. Foi constatado que a região litorânea do Piauí é economicamente vulnerável. "Atualmente, há um ensaio de desenvolvimento do turismo na região, reproduzindo o modelo predatório que ocorre no Nordeste. A compra de terras por estrangeiros já é uma realidade. Um grupo de espanhóis comprou 68% de Ilha Grande com a finalidade de construir um resort, expulsando as comunidades locais", informa Victor Hugo.

O Banco faz parte de um projeto mais amplo, uma vez que se insere no Núcleo de Ampliação de Valores Econômicos e Sociais Local (Naves), que integra o projeto da Aliança Mandu (Movimento de Articulação Norte Piauiense para o Desenvolvimento Sustentável), formada pela CARE Brasil, Universidade Federal do Piauí (UFPI), Instituto Floravida, Embrapa Meio-Norte e Fundação Kellogg.

As matérias sobre Economia Solidária são produzidas com o apoio do Banco do Nordeste do Brasil.
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Fonte:
http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=33566

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